Este livro, o segundo deste professor da Universidade Estadual de Campinas (1968: A Bahia e a Carreiro da India), compõe-se de quatro ensaios, sendo apenas o primeiro inédito, posto que os demais apareceram anteriormente publicados quer na revista Studia (Lisboa, n° 18), quer na revista Estudos Históricos (Marília, 1963). O primeiro ensaio traz o título, “Do Comércio em Área de Mineração”: é urna análise do papel desempenhado pelo comércio monçoneiro desenvolvido especialmente durante o século XVIII, tendo como axe o sistema de navegação através dos ríos Madeira-Guaporé e Arinos-Tapajós que ligavam a Capitanía de Mato Grosso ao Estado do Grão-Pará. Aí o autor ressalta o valor estratégico destes sistemas fluviais no tocante ao policiamento destas províncias brasileiras limítrofes com áreas de dominação castelhana. Mostra como os indígenas foram aproveitados especialmente como remadores na empresa monçoneira. Descreve as dificuldades que tinham de enfrentar os comerciantes e demais tripulantes das embarcações em suas prolongadas viagens rio-acima e rio-abaixo, encerrando o artigo com urna abordagem minuciosa da organização e estrutura do comércio monçoneiro: a natureza das cargas que circularam naquela região graças às monções e as condicionantes que caracterisaram aquela atividade mercantil.

O segundo ensaio, “O Problema das Drogas Orientais,” trata da questão do plantío no Brasil de certas espécies asiáticas (cravo, canela, gengibre, pimenta) : os ensaios agrícolas levados a cabo do século XVI ao XIX, as perspectivas econômicas desta atividade, a iniciativa jesuítica incentivada sobretudo pelo Padre Antonio Vieira no cultivo da pimenta e da canela na Bahia.

No terceiro capítulo, “Um Agricultor Ilustrado do Século XVIII,” o Professor Amaral Lapa transcreve duas mémórias de autoria de Joaquim de Amorim Castro, Juiz de Fora da vila de Cachoeira (Bahia) e sócio-correspondente da Academia de Ciências de Lisboa: Memória sobre as Espécies de Tabaco que se cultivam na Vada Caxoeira (1788?) e Manufatura do Tabaco (1788), a primeira existente na Biblioteca Nacional de Lisboa, e a segunda, no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. Antecede os dois textos urna série de interessantes reflexões a respeito da relação entre a cultura do tabaco e a pecuária, as dificuldades que enfrentava a cultura fumageira na Bahia, as técnicas e fases desta agro-indústría.

“História de Um Navio” é o título do último estudo: aí o Autor acompanha pari passu as diferentes fases da construção da nau Nossa Senhora da Caridade, fabricada em estaleiro baiano de 1755 a 1788: os antecedentes da construção desta embarcação, sua execução, o material empregado, os gastos com a mão de obra.