Ao analisar o papel da Igreja na formação e no funcionamento de uma sociedade escravista e católica no Brasil colonial, do século XVI ao início do XVIII, Charlotte de Castelnau-L'Estoile direciona o foco de sua pesquisa para o casamento de indígenas e escravos, revelando seu lugar central nesse projeto. Os inúmeros debates sobre a conversão e o matrimônio de infiéis e escravizados no ultramar, primorosamente analisados em toda sua extensão e complexidade, desde a construção das primeiras bulas até as Constituições da Bahia (1707), revelam a importância da questão para os diversos agentes sociais, do papa aos convertidos. Missionários, teólogos, clérigos e instituições eclesiásticas empenharam-se para regulamentar o casamento cristão de indígenas e africanos, por entendê-lo como instrumento essencial para evangelizar e incorporar esses povos à Igreja. No Brasil colonial, africanos, indígenas e seus descendentes recorriam à justiça episcopal pelo direito ao matrimônio católico, enquanto senhores de escravos opunham-se, aprovavam...

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